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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Morgana

Garota de pele pálida.
Deixe-me admirar o seu semblante a luz da lua.
E recortar seu contorno cinzento.
Seus olhos, verdes, de longe eu consigo ver.
Perdem o brilho.
Ficam vazios, escuros, como um abismo.

Morgana, assim te chamarei.
Por que esta tão fraca?
Fica mais branca a cada instante.
Gélida como o inverno.
Fraca, como folhas de outono.
Você sente o que eu sinto Morgana?
Deixe-me mais aliviado.
A sua beleza denuncia meu crime.
Deixe-me matá-la.
Sem pressa.
Sem faca.

Ou me deixa te cortar.
Deixe-me perfurar seu coração.
Arranhar seus braços.
Penetrar na sua alma.
Deixa eu sentir o sabor do seu sangue.
Deixa eu te sentir.
Por inteira.
E só assim.
Somente assim.
Estarei livre para amá-la.


Morgana.

Dann - 08/09/2014
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quarta-feira, 3 de junho de 2015

A Hora do Chá

A complexidade do teu olhar
Hipnotiza o meu
Passa despercebido entre meus pensamentos
E me encontra no fundo de um sonho
Qualquer
Você é difícil
Se complica nas entrelinhas
Deixando a sua
Birutice
Me afogar
Num mar de loucuras
Enquanto me encanta
E me faz aguardar
A hora do chá




-Dann- 27/03/2015
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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Então, queres ser um Escritor?

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.
se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.
se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.
não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-
— devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.
quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.
não há outra alternativa.
e nunca houve.
- Charles Bukowski - 
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sábado, 6 de setembro de 2014

Vazio.

Ele estava sentado numa poltrona confortável ao lado da lareira, com sua garrafa de vinho de sua melhor safra.
Em seu colo repousava soberano e magnífico, seu sabre prateado, banhado de sangue.
Suas vestes caras estavam manchadas de um vermelho escarlate, cor de morte.
Seu rosto sem expressão dava medo a quem olhasse.
Olhos vazios e profundos, feito um poço sem fundo.

Transtornado e perdido no esquecimento, bebia seu vinho e acariciava delicadamente sua espada.
O silencio na sala era absoluto.
Ao seu lado, na mesa de canto, estava o colar que ganhara de sua amada Lídia, nome que não volto a pronunciar nesse texto.
Era um colar feito de ouro, com um pingente em forma de coração na qual estava preso um pequeno rubi.

Ela havia o presenteado com este colar no dia em que se casaram, dizendo palavras de amor enquanto colocava o colar em seu pescoço.
Ele nem se quer ousava tocar no colar, agora tinha medo de que o manchasse com ódio.

Ele olhava através da janela, observava a lua cheia brilhando como uma pérola no céu negro e sem nuvens.
Pensava coisas perturbadas, coisas hediondas, que não ouso descrever aqui.
Ele julgava e praguejava sua vida, praguejava a si.

Aos seus pés estava ela, nua, jogada numa poça do seu próprio sangue, mas ainda bela.
Segurava uma fita branca em sua mão, que usava para amarrar os seus longos cabelos negros.
Ele adorava seus cabelos, sempre que podia, penteava e cheirava seus fios durante a noite.

Passaram-se 12 anos desde que se casaram.
Não tinham filhos.
Ele era ferreiro.
Ela cuidava da casa e do seu jardim na qual se orgulhava.
As rosas eram suas preferidas.

Próximo a ela, encostado na parede estava o corpo de um jovem soldado.
Seu amante.
Era forte, de olhos azuis, com o rosto delicado agora sujo com seu sangue.

Ele olhava o soldado com raiva.
Ainda sem esboçar expressão alguma.
Permanecendo vazio e sem vida.

Tomou seu ultimo gole de vinho.
E uma lagrima escorreu pelo seu rosto.
Seria a ultima gota de felicidade que tinha.
Não tinha por que viver.

O silencio da sala foi quebrado repentinamente com um estouro.
A porta da sala veio abaixo e dela entrou outros seis soldados.
Ele não lutou.
Jogaram-no numa cela no calabouço do castelo.
Acorrentado e ferido.
Mas ainda vazio.
Não sentia dor ou arrependimento.

Ao meio dia do dia seguinte, foi levado até a forca.
Caminhou de cabeça erguida encarando seu carrasco.
Não teve julgamento.
Ele previa isso, assim como previu ser capturado.
O povo gritava e praguejava.
Animais.
Eles não reconhecem a dor do homem.

A corda presa em seu pescoço era pesada, desconfortável.
Ele não tinha medo da morte.
Só queria a paz.
Queria por um ponto final em sua história.
Sem precisar viver na dor e na solidão.

Em um breve momento lembrou-se de sua mulher, na época em que existia amor.
Lembrava daquela jovem de cabelos negros a quem se apaixonou anos atrás.
Que amou até agora.

De repente ele caiu.
A corda apertava seu pescoço, instintivamente ele se debatia pela sua vida.
O ar de seus pulmões acabava.
Ele chorou.
Mas ainda não se arrependia do que fez.
Agora estava em paz.




Dann- 23/09/2012
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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sem sonhos.

Estava eu sentado, olhando o nada, fumando um cigarro.
Acompanhado de um vinho barato.
Com toda a pobreza do meu ser, escorrendo em forma de lagrimas pelo meu rosto, no momento em que ouço sua voz me chamando do lado de fora da minha casa.

Digo a mim mesmo sem conseguir conter a alegria -“Ela voltou?”- Digo e logo corro até a janela, em direção a sua voz.
Mas o que encontro é apenas um gato preto e macabro em cima do muro, me olhando ironicamente com seus olhos amarelos e brilhantes.

Frustrado, retorno a sentar, bebendo meu vinho.
Já se passara um bom tempo desde que ela saiu correndo da minha casa, feito louca, com lagrimas embriagados de um amor sem sentido.

Já embriagado, caminho em direção ao quarto, com passos largos.
Cabeça quente... Vinho derramado, que desperdício.
Sento na cama e acendo outro cigarro, lembrando que já era tarde para voltar atrás.

Talvez eu tivesse amado tanto essa garota, com esperança de ser feliz, com amor mutuo.
Mas toda a fantasia de “amor platônico” tenha desaparecido quando finalmente a beijei.

Talvez nossos caminhos nunca deveriam ter se cruzado, ou talvez minha falta de sorte tenha dado as caras outra vez.
Amor falso?” – Me perguntava toda a hora.
Meu cigarro chegou ao fim, hora de um merecido descanso.

Demorei horas para pegar no sono.

Sem sonhos essa noite” – Pensei...

                                               E a sua imagem apareceu de novo na minha mente.

Dann- 26/06/2012


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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Amor Sombrio.

Lembro das noites frias que passei do seu lado.
Noites que o tempo não passava.
E que nem mesmo o vento soprava.
Noites geladas.

Hoje me enfureço ao pensar que te perdi.
Que não poderei mais tocá-la, nem mesmo em seus lindos cabelos longos.
Muito menos segura-la em meus braços.
Sempre.

Vejo você apenas em meus sonhos.
E se não bastasse, você aparece cantando.
Canções das noites frias do inverno.
Rigoroso.

Nada mais que um inferno eu vivo hoje.
Sem cessar a minha sina por você.
Que mesmo longe enche-me de alegria.
Triste.

É saber que você não voltará a mim.
E tudo que restará serão lembranças.
Fantasmas, sombra escuras de um amor.
Sombrio.




Dann - 24/05/2012
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Seu Lado Mau.

Peço desculpas.
Por ora.
Esse meu temperamento estranho, agressivo de vez em quando.
Deixa você fora de si, quase louca.
Quando me bate, arranha, morde e machuca.
Fico quieto, pedindo mais.
Mais do mesmo.

Mesmo incrédulo rezo o dia inteiro, para que não acabe.
E se repita, mais e mais.
Impossível seria se fosse apenas um sonho.
Torturante e malvado.
Que eu não acorde.
Então.

Deixe fluir seu corpo no meu.
Entre braços e pele.
Cabelo e lábios.
Deixe fluir seu lado mau.
Sobre mim.
Mas não deixe que acabe.

Assim.





Dann – 17/06/2013
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